segunda-feira, 1 de junho de 2009

O que fazer da vida?

Às vezes parece que o ópio do cotidiano dá uma aliviada e eu consigo distinguir quem sou de quem eu gostaria de ser. Parece que para cada ímpeto de mudança e sentimento de liberdade que nutrimos existe um roteiro de horror e arrependimento pronto para nos fazer recuar rumo à nossa vidinha de sempre.

Se resolvo saltar de para-quedas, alguém me diz que eu deveria pegar esse dinheiro e investir no futuro. Ou então me lembram que não deveria me arriscar inutilmente pois tenho um filho que sentiria minha falta se algo me acontecesse.

Se penso em viajar sozinho, sou egoista, pois se amo minha familia por que haveria de querer esse tipo de coisa? Quer dizer então que para continuar sendo pai e marido não posso realizar o sonho de atravessar a Europa de trem, sozinho? E ai de mim se disser que é um preço alto. Daí serei injusto.

Sou também impulsivo. Quando solteiro acordava na sexta-feira com vontade de visitar Santa Catarina e já ia pro trabalho com a barraca no porta-malas. Isso está em mim, mas ha tempos é reprimido.

Ha anos atrás tive a oportunidade de experimentar a essência de tudo aquilo que almejo hoje. Na época foi como saltar de um avião sem para-quedas. Eu não tinha nada a fazer a não ser contemplar o chão se aproximando e esperar pela hora de me esborrachar no chão. Hoje eu simplesmente teria colocado o para-quedas. O vôo teria durado mais, teria sido mais agradável e, com um pouco de habilidade, ninguém teria se machucado. Mas doeu. Foi um presente. Um presente dolorido.

Nos últimos 10 anos, no entanto, tenho seguido um padrão de conduta bastante conservador. Tenho esposa, filho, cachorro e porquinho da índia. Trabalho de segunda a sexta em torno de 8h por dia. Tenho um hobby, o qual compete com minha familia pela minha atenção e vez por outra saio com amigos para tomar uma cervejinha.

Eu não acredito em certo e errado. Pauto meus desejos naquilo que considero melhor para mim, mas meus desejos não costumam acompanhar minha realidade. Esse distanciamento entre o que sou e o que gostaria de ser, o que faço e o que gostaria de fazer, cresce, mão não rumo ao infinito. É uma parábola.

Eu já fui aquilo que gostaria de ser. Autêntico. Parte disso me foi tirado pelas minhas próprias escolhas. Sinto que está estabilizando, e o próximo movimento será de nova aproximação entre aquilo que sou e o que quero ser. E aí tudo será melhor. Será um sonho?

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